Início Desafios do dia a dia Como a dieta SGSC pode ajudar crianças com autismo?

Como a dieta SGSC pode ajudar crianças com autismo?

O espectro do autismo é considerado um transtorno de desenvolvimento caracterizado, primordialmente, por desordens comportamentais. É comum, no entanto, que as pessoas diagnosticadas também apresentem eventuais problemas de saúde física, como alterações gastrointestinais, que também influenciam no comportamento dos indivíduos, principalmente crianças.

Atualmente, muitos estudos já comprovam que os processos de digestão da caseína e do glúten impactam negativamente no comportamento de crianças autistas, que podem se beneficiar, portanto, com a dieta SGSC

Neste post, vamos conversar um pouco sobre os fundamentos dessa dieta, como ela é aplicada e dar algumas dicas de alimentos para pais e responsáveis que desejam aplicá-la. Lembramos, no entanto, da importância de contar com os profissionais de saúde que acompanham a sua criança na hora de tomar esse tipo de decisão. Boa leitura!

Como a digestão do glúten e da caseína impacta no comportamento de autistas?

Para começar, o que são o glúten e a caseína e em que tipo de alimentos eles estão presentes? O primeiro é um composto de proteínas encontrado em alguns cereais, como trigo, aveia e centeio. Já a segunda é uma proteína encontrada no leite e em seus derivados. 

Dificuldades na digestão do glúten e da caseína não são exclusividade de pacientes no espectro autista, mas estudos vêm apontando o quanto esses problemas intestinais interferem diretamente no quadro comportamental dessas pessoas. Para entender um pouco melhor essa relação, conversamos com a nutricionista Juliana Wisneski, que teve esse tema como objeto de pesquisa em seu TCC:

“Durante a nossa digestão, as moléculas dos alimentos passam por processos de hidrólise. Isso significa que elas são quebradas, pela água, em moléculas menores. Juliana nos explicou que, ao passarem por esse processo de hidrólise (que, em pessoas com dificuldades de digerir essas proteínas, é incompleto) os peptídeos derivados do glúten e da caseína formam moléculas que causam efeitos parecidos aos da morfina e do ópio. 

Essa questão, aliada ao fato de que a parede intestinal de crianças com autismo costuma ser mais permeável, estando suscetível a absorver substâncias que não deveria, acaba fazendo com que esses peptídeos não totalmente hidrolisados cheguem à corrente sanguínea da criança. 

Esses efeitos similares aos da morfina e do ópio podem causar sintomas como hiperatividade, falta de concentração, irritabilidade e uma maior dificuldade de interação e comunicação. Como essas já são alterações comportamentais geralmente notadas em pessoas com autismo, elas acabam sendo potencializadas.”

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A dieta SGSC, que restringe esses nutrientes, traz benefícios comprovados?

“A bibliografia médica ainda não entrou em consenso em relação ao tema. Algumas pesquisas sobre alimentação e autismo infantil apresentam resultados positivos com a implementação da dieta, enquanto outros apontam uma falta de mudanças significativas. É importante levar em consideração, no entanto, que os diferentes estudos utilizaram métodos e amostras diferentes, o que impacta diretamente em seus resultados.”

Um dos estudos levados em consideração pela nutricionista durante sua pesquisa, realizado em 2015 por Gazola e Caveião, especifica a necessidade de uma dieta que restringe ambos os nutrientes, comentando que a restrição de apenas o glúten ou apenas a caseína realmente não traz impactos expressivos. Os autores concluíram, com o estudo, que a dieta aplicada em crianças autistas tanto ameniza sintomas gastrointestinais como impacta em mudanças comportamentais significativas. 

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Crianças com autismo demonstraram diminuição dos sintomas gastrointestinais após um plano alimentar com a dieta SGSC

De qualquer maneira, dietas individualizadas ainda são consideradas boas formas de oferecer mais qualidade de vida a pessoas com transtornos. Se cada organismo é único, é interessante ao menos fazer o teste da restrição alimentar com o acompanhamento do pediatra e do nutricionista da criança para observar as mudanças.

No caso de autistas que não apresentam problemas gastrointestinais, no entanto, é possível que a dieta não aparente trazer qualquer impacto. É necessário entender as especificidades de cada criança, de acordo com os profissionais da saúde que a acompanham.

Como iniciar uma dieta com seu filho?

A administração de qualquer dieta deve ser sempre acompanhada por um profissional nutricionista, de preferência, nesses casos, que seja especializado em crianças autistas. O que trazemos aqui são algumas dicas mais gerais que podem auxiliar esse processo e torná-lo mais tranquilo.

  • Comece aos poucos. Antes de retirar alimentos com os quais provavelmente a criança já está acostumada em seu dia a dia, insira os novos que irão substituí-los. É importante que ela se familiarize com os novos sabores e se abra para eles antes que perceba que eles entraram no lugar dos outros, para reagir melhor. 
  • Depois de começar a retirada, no entanto, busque a consistência. Pode ser que o início seja bastante difícil e que o seu filho reaja com resistência, mas faça o possível para se manter firme. Para suavizar, você pode experimentar diminuir a quantidade dos alimentos oferecidos antes de retirá-los de vez. 
  • Tenha paciência: pode ser que os resultados demorem algumas semanas para começar a aparecer, o que é natural, visto que o organismo precisa se desintoxicar e se habituar ao novo plano alimentar

Quais alimentos são liberados?

Quando pensam na possibilidade de adotar uma nova dieta, a maioria das pessoas fica assustada por relacionar restrições com limitações e perdas, quando na verdade pode acontecer o oposto. Existe uma enorme variedade de alimentos que nem sequer levamos em consideração, de tanto que ficamos acostumados com as “comidas de sempre”. Dessa forma, a mudança de hábitos pode significar uma abertura a todo um novo mundo de possibilidades.

Atualmente, inclusive, já existe uma gama de produtos alimentícios adaptados para dietas específicas, como os pães sem glúten e os leites vegetais. Além deles, lembramos que as frutas, os ovos, os vegetais e as carnes também não possuem nem glúten nem caseína sendo, portanto, alimentos liberados. O arroz, o milho, o trigo sarraceno e a quinoa são opções de cereais sem glúten que também podem ser mantidas na dieta. 

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É possível seguir uma alimentação rica e variada ao optar pela dieta sgsc

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2 COMENTÁRIOS

  1. Adorei essse texto.
    Um texto que instiga a busca de mais informações sobre o tema.
    Obrigada por compartilhar seu conhecimento.

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