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Palavras inclusivas: diminuindo o preconceito no vocabulário

Você já parou para pensar na forma como se comunica? Dificilmente, né? Inseridos em uma sociedade, aprendemos a usar as palavras quando ouvimos outras pessoas falando e acabamos não refletindo sobre o assunto — principalmente, se elas não nos atingem negativamente.

Acontece que um vocabulário que por vezes parece inofensivo pode transmitir muito preconceito arraigado e boas doses de capacitismo e, com isso, influenciar na real inclusão de pessoas com deficiência na sociedade. A nossa língua pode parecer imutável, mas ela não é: podemos adotar palavras inclusivas no nosso dia a dia e, aos poucos, transformar o mundo. Para saber mais sobre o assunto, continue na leitura do texto!

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O que é Linguagem inclusiva

Uma linguagem inclusiva é a que busca passar sua mensagem sem excluir, ofender ou invisibilizar qualquer grupo social e sem promover qualquer alteração estrutural no idioma em si. Buscar uma forma mais inclusiva de se comunicar passa por prestar atenção no sentido das palavras e termos, sua real função dentro do contexto e qual é o peso que elas carregam.

Dentro do contexto racial, por exemplo, podemos analisar questões como a proposta por Grada Kilomba em seu livro Memórias da Plantação. No prefácio da edição brasileira, a autora fala brevemente sobre as particularidades de cada idioma e sobre como nos acostumamos, na língua portuguesa, com o termo “escravos” e de como isso é um absurdo. 

Ninguém é escravo. A utilização dessa palavra implica em uma banalização dos fatos que jamais deveria acontecer: ninguém é escravo porque isso não é natural, isso foi imposto. Sendo assim, essas pessoas eram escravizadas. 

Dá para perceber que a mudança parece simples, mas carregada de significado? Quando alguém é escravizado, entende-se que é escravizado por alguém. O sujeito da ação não está excluído da conversa e nem deveria, porque é preciso não se esquecer de que existiram escravizadores — nunca existiram escravos. 

Pensar na linguagem como ferramenta de inclusão é urgente, porque pode não parecer, mas a transformação do mundo se faz aos poucos. Como a missão do Amigo Panda é falar sobre desenvolvimento infantil de crianças com deficiência, o objetivo deste post é apresentar alguns termos e palavras relacionados a esse universo — e a melhor forma de substituí-los e tornar a comunicação mais respeitosa e inclusiva.

palavras inclusivas
Na aula de hoje, o tema é: como não utilizar formas preconceituosas na sua comunicação!

Glossário inclusivo

Confira abaixo alguns termos e palavras que podem ser ditos de maneira mais respeitosa e inclusiva.

Se referir a uma pessoa como deficiente

Nunca reduza uma pessoa à sua deficiência na hora de se referir a ela. Uma pessoa não é “deficiente”, ela é uma pessoa com deficiência

Dizer “pessoa normal”

Quando queremos nos referir a uma pessoa sem deficiência e utilizamos o termo “normal”, pressupõe-se que todos os que são diferentes disso sejam “anormais”. O termo não é adequado e, na verdade, sequer existe “normalidade” quando falamos de pessoas. 

Nesses casos, o correto é dizer pessoa típica ou, ainda, pessoa sem deficiência.

Dizer “aluno normal”

Da mesma forma, se referir aos alunos sem deficiência como “normais” faz com que os outros sejam taxados como “anormais”. 

A forma correta de dizer é aluno sem deficiência ou aluno regular. 

Dizer “escola normal”

Ainda dentro do mesmo tema (de uma pressuposta normalidade que sequer existe), não se deve dizer “escola normal” para explicar o tipo de instituição em que se estuda e, sim, escola regular.

palavras inclusivas - inclusão escolar
Para que o ambiente escolar seja realmente inclusivo, esse propósito deve começar no vocabulário.

Chamar a pessoa pela sua deficiência

Anão, Cego, Epilético, Autista: é muito limitado se referir a uma pessoa como a sua deficiência, já que isso não a define. Sendo assim, nunca chame o se refira a ela utilizando esses termos, já que elas certamente têm seus próprios nomes e, também, muitas outras características.

Usar palavras como “retardado/aleijado” para xingar

Você pode não estar se dirigindo a uma pessoa com deficiência e, ainda assim, essas são palavras completamente inaceitáveis para serem usadas de qualquer forma, incluindo como ofensas ou xingamentos, além de serem extremamente capacitistas.

Chamar uma pessoa com deficiência de incapacitado, defeituoso ou especial

Incapacitado de que? Todos nós somos capazes de fazer uma série de coisas e incapazes de fazer várias outras, e ninguém se refere às pessoas típicas desta maneira. Uma pessoa com deficiência também é extremamente capaz.

Da mesma forma, termos como “defeituoso” ou até o aparentemente simpático “especial” também devem ser evitados. A regra geral é não reduzir a pessoa à sua deficiência. 

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Dizer que a pessoa foi vítima de paralisia infantil

A palavra vítima deve ser evitada porque provoca um sentimento de piedade em relação à pessoa e, também, comumente associada a casos de morte. Não vitimize pessoas que estão vivas!

Dizer que a pessoa é cega ou surda

O mais correto é dizer que a pessoa tem deficiência visual ou deficiência auditiva.

Dizer que a pessoa “sofre de paralisia”

A palavra sofrer para falar de pessoas com deficiência também não é uma escolha adequada, porque o sofrimento também invoca piedade e capacitismo. Nesses casos, o correto é dizer que a pessoa tem paralisia

palavras inclusivas
Revise seu vocabulário para não associar deficiência a sofrimento!

Além dos termos citados, existem certas maneiras de falar que também fazem parte do lugar comum e devem ser evitadas, como dizer que uma família “carrega a cruz” de ter um pessoa com deficiência ou que mães de crianças com deficiência são “guerreiras e super-heroínas”. Colocações como essas também aumentam o estigma em torno do assunto e dificultam a real inclusão.

Outro vício de linguagem muito comum é, ao falar sobre as capacidades de pessoas atípicas, dizer “apesar da deficiência”. Mesmo que a intenção seja elogiosa e vise reforçar uma característica positiva, essa forma de falar é capacitista e preconceituosa por evidenciar que o que se esperava da pessoa, por sua deficiência, era que ela não fosse capaz.

Mudar o vocabulário pode não parecer uma tarefa fácil, mas acredite: não é impossível! Que tal salvar este texto nos favoritos e conferir frequentemente para não se esquecer? As palavras têm poder e podem, sim, nos ajudar a transformar o mundo aos pouquinhos.

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1 COMENTÁRIO

  1. Muito interessante os conteúdos do Amigo Panda! Gostaria de receber mais posts♥️

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