Sobrecarga sensorial em crianças com autismo: como lidar?

É por meio do sistema sensorial que experimentamos o mundo à nossa volta. Através dos receptores, recebemos e processamos os estímulos externos — e como o corpo é uma máquina, ele precisa estar bem regulado para que tudo funcione da melhor maneira possível. Entretanto, algumas vezes ela pode se desregular.

Crianças com autismo experimentam constantemente essa sensação de desregulação, que se traduz em episódios de sobrecarga sensorial que podem ser bastante intensos e, muitas vezes, até mesmo confundidos com as famosas “birras”. Para entender mais sobre o assunto, siga na leitura!

Conhecendo o sistema sensorial

Desde criança, aprendemos na escola sobre a existência dos “cinco sentidos”. Eles são o tato, o paladar, o olfato, a audição e a visão e, em conjunto com o sistema proprioceptivo, formam o sistema sensorial do corpo humano.

Os órgãos que pertencem a esse sistema são dotados de células chamadas receptores que, por meio de impulsos elétricos, captam as informações recebidas do mundo à nossa volta e transmitem até o sistema nervoso central, onde elas são processadas.

sobrecarga sensorial - processamento
Os receptores transmitem os estímulos recebidos para o sistema nervoso central.

Se tudo vai bem em toda essa comunicação, conseguimos interagir plenamente com o mundo — mas quando existe algum problema, os sintomas e dificuldades começam a aparecer.

O que é sensibilidade sensorial

Quando a criança apresenta uma maior dificuldade em processar os estímulos recebidos, seja para mais ou para menos, essa condição é chamada de Transtorno de Processamento Sensorial. Ela pode atingir qualquer pessoa, mas aparece especialmente em pacientes com autismo, que, naturalmente, já possuem uma maior sensibilidade.

Essa hipersensibilidade pode aparecer relacionada a qualquer um dos cinco sentidos, fazendo com que a criança possa ter muita dificuldade em permanecer em lugares muito barulhentos, com luzes piscando, ou até mesmo se mostrem reativas a texturas e sabores de alimentos, temperaturas e ao toque. 

À medida que percebem o quanto determinadas situações os incomodam, os pacientes começam a desenvolver angústia e até mesmo ansiedade ao pensar na possibilidade de vivenciá-las. Com isso, eles podem agir com reações de fuga e agressividade que acabam dificultando suas relações sociais e causando estresse na família, que costuma confundir esse comportamento com a birra.

Crise sensorial X birra

As crises de choro da criança que são popularmente conhecidas como birras são, na verdade, uma falta de maturidade do sistema neurológico para processar uma frustração, que pode estar relacionada a temáticas variadas. Dando um exemplo trivial, é muito comum que a criança apresente um comportamento de birra quando quer alguma coisa que não consegue, seja a atenção dos pais, assistir televisão ou um brinquedo. 

Uma crise sensorial, por sua vez, não está ligada diretamente a uma frustração, mas sim a uma sobrecarga. Geralmente ela acontece quando a criança se sente soterrada de estímulos que não consegue processar direito, sejam eles quais forem, mesmo que para as pessoas que estão em volta a situação pareça totalmente confortável. 

Por mais que o comportamento da birra possa se mostrar similar ao da crise sensorial, as motivações são totalmente diferentes, e é importante perceber o que está por trás dessa reação para identificá-la. Os pais podem ficar confusos e frustrados, por exemplo, por planejar um gostoso passeio em família e se deparar com a criança tendo uma crise reativa em um espetáculo de circo, parque de diversões ou até mesmo na sua própria festinha de aniversário — mas é importante tentar enxergar a situação por outro viés.

sobrecarga sensorial x birra
Como diferenciar uma crise de sobrecarga sensorial da birra: preste atenção no que motivou o comportamento.

A criança não apresenta esse tipo de comportamento para frustrar ou incomodar seus pais, ela apenas está passando, da única forma que consegue, a mensagem de que aquela situação está sendo “demais” para ela; que ela não é capaz de processá-la naturalmente por conta da hipersensibilidade.

Em ambos os casos, para reverter o comportamento, é importante ouvir os sinais da criança e mostrar a ela que foi entendida. No caso da birra, isso não quer dizer “realizar suas vontades”, mas deixar claro que entende aquela frustração, explicar que não é possível fazer o que ela quer, mas que existem outras possibilidades. No caso da crise, o ideal é levar a criança a um lugar mais silencioso e sossegado para que, sem maiores estímulos em volta, ela consiga se acalmar. 

Transtorno de processamento sensorial hipossensível

Ao pensar em crises de sobrecarga e nas dificuldades de processamento sensorial, é muito mais comum que se visualize a hipersensibilidade. No entanto, a condição também pode se manifestar em suas versões hipossensíveis, quando a criança percebe os estímulos com menos intensidade.

Nesses casos, é comum que as crises se traduzam em comportamentos que buscam essas sensações que a criança tem dificuldade de sentir, seja preferindo brincadeiras mais radicais, preferindo alimentos muito quentes ou muito temperados, ou fixando o olhar diretamente em luzes muito fortes, por exemplo.

Para conferir mais características sobre os transtornos de processamento sensorial hiper e hipossensíveis, clique no banner abaixo e baixe gratuitamente o infográfico do Amigo Panda sobre o assunto:

Transtorno de processamento sensorial

Como evitar a sobrecarga sensorial

No dia a dia, é possível ajudar as crianças com transtorno de processamento sensorial preparando o ambiente ou oferecendo ferramentas para que ela fique mais confortável e respeitando suas dificuldades. No caso de uma criança hipersensível, valem atitudes como:

  • Oferecer tampões ou fones de ouvido em situações de muito barulho
  • Disponibilizar óculos escuros e bonés para momentos de muita claridade
  • Sempre avise e peça permissão antes de tocá-la, evitando pegá-la desprevenida
  • Dê a opção de afastá-la para um ambiente sossegado para que ela se autorregule
  • Prefira roupas com tecidos leves e macios, que não apertem muito e não possuam etiquetas e costuras em relevo

No caso de uma criança hipossensível: 

  • Crie momentos de brincadeiras que gastem mais energia e exijam movimentação
  • Ofereça brincadeiras com caixas sensoriais para que ela busque as sensações de maneira controlada e segura
  • Ao perceber uma forte agitação, abrace-a apertado para que ela sinta o toque firme
  • Utilize cobertores pesados e vestes de compressão para que ela tenha mais consciência sobre as sensações no próprio corpo

Além das atitudes e cuidados no dia a dia, o mais indicado para trabalhar o sistema sensorial da criança e diminuir suas dificuldades de processamento é o trabalho de integração, realizado por um terapeuta ocupacional

Durante o trabalho no consultório, por meio de atividades lúdicas, o terapeuta identifica as principais sensibilidades de cada criança e trabalha de maneira a acostumá-la gradualmente com as sensações, equilibrá-las e diminuir os efeitos negativos dos estímulos. 

Você conhece os benefícios do Colete ponderado para autismo, TDAH e outros transtornos sensoriais? Leia mais sobre esse produto aqui.

Além disso, existem alguns recursos terapêuticos, desenvolvidos com base na terapia ocupacional, que facilitam a continuação desse trabalho dentro de casa, promovendo mais bem-estar e qualidade de vida para a criança e para a família. Conheça alguns produtos oferecidos no e-commerce do Amigo Panda:

Conjunto sensorial compressivo

As vestes compressivas são uma excelente ferramenta para promover a integração sensorial e a autorregulação da criança. Elas atuam ativando o sistema proprioceptivo, por meio da compressão que exerce a contração muscular e aciona os receptores sensoriais. 

Isso faz com que a criança se sinta mais segura e tenha maior capacidade de organização corporal e concentração, entendendo melhor sua posição no espaço e obtendo mais consciência sobre os próprios movimentos e sensações.

Roupas Sensoriais

Escova vibratória Z-Vibe

A Z-vibe é uma ferramenta vibratória oral capaz de oferecer variados estímulos sensoriais dentro da boca, atuando tanto para exercitar os músculos orais em crianças com dificuldade de tônus mandibular quanto para oferecer sensações que ajudam o pequeno a se acalmar e autorregular.

Escova Z-Vibe

Mordedores

Os mordedores são outra fonte segura de estimulação oral, indicada principalmente para crianças que tenham o costume de levar objetos à boca, seja para buscar as sensações (no caso das hipossensíveis) ou para tentar se acalmar (no caso das hipersensíveis).

Suaves, mastigáveis e texturizados, eles ajudam a criança a exercitar o tônus mandibular e na diminuição da defensividade tátil oral. 

Mordedores

Esponja sensorial

A esponja sensorial é uma ferramenta excelente para trabalhar a organização corporal e a autorregulação em crianças com defensividade tátil. Seus dois lados, tanto o macio quanto o das cerdas, fazem parte do protocolo de Wilbarger, muito recomendado para crianças com disfunções sensoriais.

Esponja Sensorial

Essas são algumas das ferramentas muito utilizadas para os processos de integração sensorial em crianças com dificuldades, mas lembramos que, para entender melhor quais recursos são mais indicados para cada caso é importante sempre contar com o respaldo profissional dos médicos e terapeutas que acompanham o seu filho!

Para conhecer todos os recursos terapêuticos disponíveis no Amigo Panda, é só clicar no banner abaixo para visitar a loja virtual:

Recursos terapêuticos do Amigo Panda

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui