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TDAH: entenda mais sobre este transtorno

Todo mundo conhece alguma história de uma criança que tinha muita dificuldade de “parar quieta” e se concentrar na escola. Até não tanto tempo atrás, elas eram tidas rapidamente como “terríveis” e sofriam reprimendas constantes por não se encaixar no modelo. Com o avanço das pesquisas na área da saúde e da educação, no entanto, o TDAH já é muito mais amplamente difundido atualmente e, com isso, esses pequenos passaram a ter a chance de um diagnóstico e um subsequente acompanhamento muito mais empático e atencioso. 

Siga na leitura deste texto para entender melhor sobre o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, que atinge de 3 a 5% das crianças em idade escolar ao redor do mundo.

O que é TDAH e quais são suas causas

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, comumente conhecido por sua sigla TDAH (ou, ainda, no inglês, ADHD), é um transtorno neurobiológico. Essa categorização significa que alguma estrutura do cérebro não funciona conforme o esperado. 

Segundo estudo de 2010 que revisa a literatura sobre o assunto, dois grupos de pesquisa atuais atribuem o transtorno a duas possíveis causas, sendo uma delas relacionada a um déficit funcional no lobo frontal do cérebro e, a outra, a falhas de funcionamento de determinados neurotransmissores.

Ele se manifesta, obrigatoriamente, na infância, mais precisamente na fase escolar, e se caracteriza principalmente pela dificuldade em manter a concentração e em regular a energia. Na maioria dos casos e com o acompanhamento adequado, o TDAH não permanece até a vida adulta dos indivíduos.

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O TDAH tem como características centrais a dificuldade em manter a atenção e a controlar a hiperatividade.

Em relação às suas causas, segundo a Associação Brasileira de Déficit de Atenção (ABDA), inúmeros estudos ao redor do mundo mostram que a prevalência de TDAH é muito semelhante, mesmo em regiões totalmente diferentes, o que descarta a hipótese de que fatores culturais ou educacionais estejam relacionados ao seu aparecimento.

A causa de TDAH mais fortemente comprovada até então é a hereditariedade: os genes, apesar de não serem diretamente responsáveis pelo transtorno em si, são, ao menos, responsáveis pela sua predisposição. Têm se estudado, também, sobre possíveis alterações no cérebro do bebê que podem ser causadas pelo consumo da nicotina ou do álcool durante a gravidez e que podem, também, trazer problemas de desatenção e hiperatividade — mas essa ainda é apenas uma associação, não existe nada comprovado.

TDAH: sinais

Transtornos que apresentam “apenas” características comportamentais costumam ser mais difíceis de diagnosticar do que os que têm sinais físicos ou atrasos severos de desenvolvimento, justamente porque as evidências acabam sendo confundidas com questões de personalidade ou, até mesmo, “má-criação”. 

Muitos pais, inclusive, se sentem perdidos e até mesmo invalidados enquanto começam a perceber sinais nos filhos e, por vezes, protelam a busca pelo diagnóstico. Ele, no entanto, não aprisiona: liberta. É importante, portanto, estar atento aos sinais e levar essa desconfiança a sério procurando uma ou mais análises profissionais. São sintomas de TDAH, quando recorrentes: 

  • Dificuldade em manter o interesse e a concentração em atividades ou jogos por um período de tempo médio ou longo. 
  • Falta de atenção aos detalhes e atividades feitas constantemente às pressas.
  • Dificuldade em memorizar e seguir instruções correspondentes à idade.
  • Não prestar atenção enquanto o outro está falando, demonstrando estar avoado.
  • Problemas de organização, seja de tempo ou espaço. 
  • Perda de objetos constantemente.
  • Facilidade em se distrair com qualquer estímulo.
  • Falta de interesse ou dificuldade de engajar em brincadeiras pouco agitadas.
  • Dificuldade em brincar sozinho e em silêncio.
  • Relutância em ficar parado.
  • Afobação até mesmo para conversar, interrompendo as outras pessoas para falar.

Só de analisar a lista, é possível perceber alguns sinais que se relacionam mais ao déficit de atenção e, outros, à hiperatividade. Na maioria dos casos, os sintomas andam juntos, mas existem, também, diagnósticos de DDA (déficit de atenção) somente, onde a hiperatividade não aparece. 

tdah - sinais
Os sintomas de hiperatividade aparecem na maioria dos casos, mas não são uma regra; os transtornos de déficit de atenção também podem aparecer sem essa característica.

No site da ABDA, é possível encontrar um questionário de sintomas, produzido com base no Manual de Diagnóstico e Estatística da Associação Americana de Psiquiatria. Ele pode servir como um bom guia para pais que estejam em dúvida acerca do quanto esses sinais e suas frequências podem ser indicativos de TDAH

Lembramos, no entanto, que observar sinais não deve, nunca, estar relacionado com um possível auto-diagnóstico! Estar de olho no comportamento da criança é essencial para perceber possíveis alterações e relatá-las aos profissionais de saúde e educação que a acompanham para que eles possam fechar diagnósticos e indicar os caminhos adequados. 

O diagnóstico precoce é fundamental para potencializar o tratamento da criança por meio dos tratamentos, estímulos direcionados e, se for o caso, medicação. E falando em diagnóstico…

Como diagnosticar o TDAH?

Não existe nenhum exame físico ou teste genético para diagnosticar o TDAH, portanto, ele é feito com base em análises comportamentais. Os profissionais da saúde que acompanham a criança precisam de relatos atentos por parte dos pais ou demais responsáveis para entender se os sinais são apenas casos isolados ou se são indicativos do transtorno.

Além dos registros dos pais, é claro, o profissional (em geral, um neurologista ou psiquiatra) também faz suas próprias análises e avaliações da criança por meio de encontros no consultório. 

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Além das análises dos pais, o profissional faz sua própria avaliação da criança por meio de encontros no consultório para chegar a um diagnóstico de TDAH.

O profissional precisa levar em consideração, além dos sinais, sua frequência, os locais em que ocorrem (se for apenas na escola, por exemplo, pode ser que a criança não esteja lidando bem com aquele ambiente específico) e se existem atrasos de desenvolvimento atrelados a eles: afinal de contas, se o comportamento não está causando nenhum prejuízo claro à vida funcional da criança, provavelmente não existe um problema maior. 

O diagnóstico também passa por entender, quando existe o TDAH, qual é o seu grau no paciente. Um grau leve é marcado por poucos sinais e apenas pequenos prejuízos sociais ou de aprendizado. No grau moderado, os sinais e prejuízos continuam sendo leves, mas aparecem com uma frequência maior. Já em casos graves, os sintomas são mais recorrentes, mais intensos e podem causar prejuízos importantes na sociabilidade e no desenvolvimento. 

Tratamentos e estimulações

Não existe uma cura para o TDAH, mas, certamente, tratamentos e estimulações ajudam a reduzir os sintomas e melhorar a vida funcional dos indivíduos. Eles, em geral, devem ser conduzidos por equipes multidisciplinares que, dependendo do grau de TDAH, envolvem profissionais específicos para cada caso, como psicólogos, fonoaudiólogos, neurologistas, terapeutas ocupacionais e psiquiatras. 

Psicoterapia e terapia ocupacional

As diferentes linhas terapêuticas podem atuar justamente para minimizar os efeitos do transtorno tanto no âmbito cognitivo quanto no social e, inclusive, em casos de baixa autoestima que podem estar relacionados com todas as outras dificuldades.

Em alguns casos, a terapia ocupacional pode fazer toda a diferença, trabalhando as questões comportamentais com a criança por meio do lúdico e, assim, criando ferramentas internas para que ela consiga controlar seus impulsos, equilibrar a energia e se adaptar com mais tranquilidade às situações que a vida cotidiana demanda — como fazer a lição de casa ou passar um tempo grande sentado em uma sala de aula. 

Exercícios e recursos terapêuticos que explorem a autorregulação também podem ser muito interessantes para que a criança desenvolva os próprios métodos de equilíbrio de energia. Bolinhas anti-estresse, por exemplo, podem servir com uma válvula para que ela aperte em um momento em que sente energia sobrando e não pode gastar da maneira que gostaria. 

Recursos sensoriais
Recursos sensoriais são ótimas opções de ferramentas para que a criança pratique a auto regulação.

Em casos de grau de TDAH mais elevado, vestes de compressão também podem atuar ajudando nessa auto regulação, ativando o sistema proprioceptivo e ajudando o pequeno a ter mais consciência e controle do próprio corpo. 

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Brincadeiras

As brincadeiras são excelentes fontes de estímulo e desenvolvimento, bem como também podem funcionar como treinos de concentração e válvula de energia. Aqui no blog, você pode conferir um texto com dicas de brincadeiras para crianças com TDAH que faz um misto, justamente, de atividades mais silenciosas e que exigem atenção e outras opções mais ativas e cheias de movimento, que envolvem não só o treino da coordenação e da intenção de movimento, mas, também, um maior gasto energético (muito benéfico em casos de hiperatividade).

Inserir brincadeiras com ambas as propostas na rotina da criança pode impactar muito positivamente na diminuição dos sintomas. 

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Mudanças de hábitos

Como falamos mais acima, embora os fatores externos não sejam responsáveis pela aparição do transtorno, eles podem sim interferir no quadro, tanto atenuando como agravando os sintomas. O uso excessivo de telas no dia a dia, por exemplo, pode estar diretamente ligado à intensificação dos sintomas. 

O consumo elevado de alimentos com cafeína e açúcar também costumam elevar a agitação, contribuindo com um agravamento da hiperatividade. Buscar adequar a rotina, criando o hábito de mesclar momentos de maior gasto energético e atividades mais tranquilas ajudam muito no equilíbrio dos sintomas. A prática regular de exercícios físicos também é extremamente benéfica para crianças com TDAH.

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A prática constante de exercícios físicos é um ótimo aliado ao tratamento de TDAH.

Inserir a criança de forma ativa na rotina da casa, repassando a ela tarefas cabíveis à sua idade, também é recomendado para que ela lide de forma cotidiana com pequenas responsabilidades, se sinta capaz de realizá-las e, também, importante e necessária na dinâmica familiar — o que trabalha questões de autoestima.

Auxílio escolar

Os profissionais de educação devem estar capacitados para atender crianças com diferentes necessidades. A inclusão escolar é extremamente importante para o desenvolvimento dos pequenos e, também, para sua socialização. 

Para que um aluno com TDAH tenha melhores resultados na escola, o ideal é que ele se sente na fileira da frente e esteja o mais próximo possível do professor e da exposição da aula, para evitar ruídos e distrações. Ele também deve ser sempre incentivado a participar dos trabalhos em grupo, e é preciso ficar atento para perceber se não está sendo isolado ou sofrendo bullying por conta de suas dificuldades, o que pode criar um problema ainda maior. 

A comunicação entre pais, professores e, se for o caso, demais terapeutas ou médicos que acompanhem o desenvolvimento da criança deve ser o mais próxima possível, para que todos busquem caminhar juntos.

Medicalização

A medicalização de transtornos comportamentais ainda é um tabu na sociedade e rende muitas dúvidas e discussões — mas, caso seja indicação médica, pode fazer toda a diferença na evolução da criança.

Segundo a ABDA, os medicamentos são necessários quando há o diagnóstico de TDAH: embora todas as estratégias citadas acima ajudem, elas não resolvem o problema sozinhas. Por isso, sempre deve haver acompanhamento médico e os remédios devem ser administrados da maneira indicada, de modo a ser eficazes e não gerar dependência. 

Se você está pesquisando sobre TDAH porque acabou de cair de paraquedas nesse universo por conta de uma certeza ou mesmo de uma desconfiança, lembramos que um diagnóstico não é um rótulo, ele é uma libertação! Com os estímulos e tratamentos adequados, advindos dessa descoberta, seu filho abre uma nova porta para um desenvolvimento atencioso e saudável!

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2 COMENTÁRIOS

  1. Muito bom, a explicação sobre o que é TDAH. Inclusive meu filho que foi diagnosticado ele exatamente agora me perguntou sobre esse assunto. E com a ajuda de vocês consegui falar pra ele o que é esse transtorno li as informações que vocês trazem e acho que ele entendeu um pouco das suas dificuldades. Fiquei muito feliz quando ele me perguntou então eu vou sarar mãe. Estamos caminhando pra você ter uma qualidade de vida meu filho . Muito obrigada 🤩🥰🙏

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