Para acessar este texto, você acabou de digitar e dar alguns cliques com o mouse ou diretamente na tela do celular, certo? Muito provavelmente você fez cada um desses movimentos sem precisar parar para pensar neles — é como se o corpo pensasse sozinho e simplesmente soubesse como executá-los.
O processo que nos permite “simplesmente saber” como mover o corpo de forma a atingir o objetivo pretendido se chama praxia. Mas e quando isso não acontece? Neste texto vamos conversar um pouco sobre o que é dispraxia, como ela é diagnosticada e como ela pode interferir no desenvolvimento. Siga na leitura!
O que é dispraxia
Em geral, na língua portuguesa, os prefixos dis- indicam ausência ou mesmo dificuldade. A palavra dispraxia, portanto, se refere a casos de dificuldade no planejamento dos movimentos, o que faz com que ela seja conhecida pejorativamente como “síndrome do desastrado”.
Durante um processo de praxia, acontece uma “conversa” muito rápida entre o cérebro e os músculos que devem estar envolvidos em uma movimentação. Com base em toda a experiência sensorial que até mesmo um bebê já consegue ter absorvido ao longo do seu dia a dia, é possível, em poucos segundos, pensar no que se quer fazer e mover o corpo para esse objetivo.
Ao avistar um brinquedo do outro lado da sala, um bebê que já engatinha não precisa parar para pensar que deve fazer isso, ele simplesmente se coloca na posição e ruma em direção ao objeto.
Se a praxia é o processo que contempla toda essa rápida organização neuromotora, na dispraxia o cérebro tem uma certa dificuldade em planejar e coordenar os movimentos do corpo. A condição se caracteriza, portanto, por uma disfunção neurológica (que pode ser desde leve a severa) que atinge os aspectos motores do indivíduo.
Tipos de dispraxia
A dispraxia pode ser classificada em 4 diferentes tipos:
Motora
Caracterizada por dificuldades e atrasos na coordenação dos movimentos, podendo estar associada a uma lentidão ou imprecisão dos mesmos.
Espacial
Reconhecida por uma desorganização do indivíduo em relação ao espaço, podendo fazer com que ele tenha problemas, por exemplo, para entender se cabe ou não em determinado local, ou até, cognitivamente, demonstrar dificuldade de assimilar conceitos como “alto e baixo”.
Postural
Caracterizada por dificuldades em manter a postura do corpo, seja para se manter ereto ou para se locomover, o que também pode ocasionar entraves na fluidez da movimentação.
Verbal
A fala também exige uma série de movimentos organizados, não é mesmo? Esse tipo de dispraxia, então, está ligado a atrasos no desenvolvimento da linguagem, causados por dificuldades nas funções motoras relacionadas.
Como desconfiar da dispraxia?
Por não se tratar de um transtorno visualmente óbvio, a dispraxia não é percebida com muita facilidade, o que dificulta o seu diagnóstico principalmente quando se trata de um grau leve que impacta relativamente pouco na vida do paciente e pessoas envolvidas.
A menos que a dispraxia seja mais grave ou esteja associada a alguma outra síndrome, como, por exemplo, o autismo, crianças dispráxicas não se diferenciam de qualquer outra criança, sendo tão ativas e inteligentes quanto.
No entanto, a condição pode ser percebida tanto em questões específicas, quando a criança demonstra certa dificuldade em adquirir uma nova habilidade motora apresentada, ou de modo geral, quando avalia-se seu comportamento como um todo e consegue-se perceber que ela aparenta ser mais desastrada que o comum.
É possível reparar em sintomas como:
- Dificuldades em realizar movimentos voluntários
- Problemas de equilíbrio
- Dificuldade em coordenar a percepção visual com os movimentos
- Coordenação motora fina prejudicada e dificuldades para manejar objetos pequenos e escrever
- Muitas quedas e trombadas em coisas, pessoas ou paredes
- Dificuldade em excesso ao segurar objetos
- Problemas com a orientação espacial, tanto físicas quanto cognitivas
- Dificuldades na fala
- Dificuldade em realizar tarefas simples do dia a dia, mas que exigem coordenação motora: como vestir uma roupa com agilidade ou alinhar os brinquedos na estante
Como diagnosticar
O diagnóstico da dispraxia em crianças ocorre, geralmente, entre os 3 e 5 anos de idade. Ele é feito por um pediatra, por meio da avaliação do comportamento da criança e de relatos de seus pais e cuidadores. Por isso é importante estar sempre atento e registrar quaisquer comportamentos que devam ser levados em consideração!
Suas causas ainda não estão muito bem estabelecidas, mas podem ser associadas a alterações genéticas que atrasam o desenvolvimento de células nervosas ou a condição também pode aparecer após traumas, acidentes ou AVCs, o que faz com que ela também aconteça com adultos.
Como é conduzido o tratamento
Apesar de não existir uma cura para a dispraxia, o tratamento conduzido por uma equipe multidisciplinar pode atuar na diminuição das dificuldades, exercitando e aprimorando as habilidades motoras do paciente.
Essa equipe, em geral, envolve o pediatra da criança, um fisioterapeuta, um fonoaudiólogo (em casos de dispraxia verbal) e um terapeuta ocupacional, extremamente importante para o processo do desenvolvimento da autonomia do indivíduo.
Além do trabalho realizado nas sessões, a terapia ocupacional pode fazer a diferença na rotina da criança, por meio de recursos terapêuticos que a criança pode usar em casa para melhorar sua qualidade de vida funcional.
Para casos mais graves de dispraxia, uma veste de propriocepção pode ser muito indicada, por gerar uma compressão capaz de ativar os receptores sensoriais, o que faz com que a criança se sinta mais segura e bem organizada corporalmente, tendo mais controle sobre seus membros e uma melhora na percepção espacial.
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